terça-feira, 17 de janeiro de 2012

"A mulher que faz o homem"

"A mulher é que faz o homem". Em um passeio super agradável com colegas de trabalho em Petrópolis, pude presenciar uma conversa, no mínimo intrigante. Enquanto eu tentava pagar a compra de uma blusa e enquanto a vendedora da loja passava meu cartão e embalava a roupa, mantinha, ela, um diálogo com uma amiga. Uma menina muito bonita, aparentemente muito jovem. Ela falava que iria morar com o tio "mesmo que para isso eu passe muito perrengue", dizia. A outra, mais velha, mais experiente, respondeu: "será que você vai aguentar? Tão longe! Sabe que eu nunca tive vontade de ir para o exterior?". "Bem, no mínimo eu vou voltar com o meu inglês muito melhor". Entendi, então, que a menina queria ir para o exterior, tentar uma vida nova, melhor, mas a outra tratou de tentar desmotivá-la e colocar uma pedra no seu caminho: "Você já falou com fulano?". "Fulano" era o namorado dela e a partir dessa pergunta a menina desfilou críticas ao namorado, dizendo que já estava 7 anos ao lado dele e que nada tinha mudado. Que ele era um cara acomodado e que ela não aguentava mais empurrá-lo e ele não ir pra frente, daí a outra proferiu a frase que inicia este texto: "Tente novamente, quem sabe, é a mulher que faz o homem."
Conhecendo como me conheço, tive que me controlar para não entrar na conversa, afinal, eu não tinha nada a ver com isso. Mas senti-me parte daquilo. Imediatamente, ouvi as vozes da minha avó que repetia e de algumas tias minhas que ainda, incrível, repetem essa insanidade. Se é a mulher que "faz" o homem, caramba! Estamos mal mesmo! Só fazendo besteiras por aí. Porque a qualidade de homens tá baixa ... mas sempre é necessário botar a culpa na mulher, de alguma forma. Aquela menina estava sedenta de novidades, de vida nova, aliás ela estava cheia de vida e visivelmente insatisfeita com o "panaca" que estava ao seu lado. E o pior: foi responsabilizada, no sapatinho, pela panaquice do rapaz. Se é ela que faz ele, afirmo que é ele é que está desconstruindo essa menina, levando-a à destruição mesmo, dava pra ver isso em seu olhar. Nem preciso dizer, que não me meti na conversa, saí da loja devagar, meio que olhando de lado, esperando a menina sair só pra dizer a ela rapidamente: "Não ligue para o que ela disse. Vá em frente! Vá ser feliz! Não é a mulher que faz o homem, ele já vem pronto, cabe a cada uma decidir se fica ao lado dele ou não." O contrário também é verdadeiro. Mas não deu... fui embora com a situação engasgada e torcendo para que ela decidisse por ir viver a sua vida. Essa é que é a verdade!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Meia Noite em Paris


"Owen Wilson interpreta Gil, roteirista de Hollywood que está passando férias em Paris com a família da noiva, Inez. Gil adora voltar à Cidade Luz. É lá que se reconecta com a grande arte, longe do dia a dia dos enlatados encomendados de Los Angeles. Seu sonho era viver nos anos de 1920, quando F. Scott Fiztgerald, Ernest Hemingway e Pablo Picasso circulavam por ateliês e cafés da cidade. Certa noite Gil misteriosamente realiza esse sonho."

O filme é uma viagem, em ambos os sentidos. Principalmente para quem ama a literatura e as artes. Conversar com figuras como Hemingway, Fiztgerald e Picasso é um sonho de qualquer pessoa que possui esses gostos. Mas o filme aborda outras questões também. O fato de os personagens sonharem com "dias melhores" com jovens mais pensantes, mais preocupados com o intelecto do que com a aparência. Parece ser um sonho de todas as gerações. Como estamos o tempo inteiro desejando estar em um tempo no passado onde todas essas coisas "supostamente" foram consideradas. A viagem do Gil ao passado, anos 20, mostra que esse também era um anseio desses personagens ilustres das artes plásticas e literatura. O Picasso, inclusive, desejava ter nascido na época da Renascença, não satisfeito com a sua geração.



Sem contar a relação entre Gil e sua noiva Inez, uma mulher fútil, amante das aparências e da arte que fica enclausurada em Museus. Tem o noivo como um eterno sonhador e insiste em uma relação que claramente não está dando certo. Bem, o filme aborda tantas outras coisas mesmo. Fica aqui a minha humilde recomendação. Assista. Um filme realmente Necessário.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A NECESSIDADE DA ARTE

A arte como substituto da vida... é isso que propõe o livro "A Necessidade da Arte" de Ernst Fischer, no qual me inspirei para publicar esse Blog. "Mas, será a arte apenas um substituto? Não expressará ela também uma relação mais profunda entre o homem e o mundo?


Milhões de pessoas leem livros, ouvem música, vão ao teatro e ao cinema. Por quê? Dizer que procuram distração, divertimento, relaxação, é não resolver o problema. Por que motivo distrai, diverte e relaxa o mergulhar nos problemas e na vida dos outros, o identificar-se com a música, o identificar-se com os tipos de um romance, de uma peça, de um filme? Por que reagimos em face dessas "irrealidades" como se elas fossem a realidade itensificada? E, se alguém nos responde que almejamos escapar para uma existência mais rica através de uma experiência sem riscos, então uma nova pergunta se apresenta: Por que nossa própria existência não nos basta? Porque esse desejo de completar a nossa vida incompleta por meio de outras figuras e outras formas? Por que, na penumbra do auditório, fixamos o nosso olhar admirado em um palco iluminado, onde acontece algo que é fictício e que tão completamente absorve a nossa atenção?" O livro do Ernst Fischer tenta responder a questões como essas, e esse blog tentará informar e discutir sobre manifestações artísticas, com base na convicção de que a arte tem sido, é e sempre será NECESSÁRIA.